quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

AS TOYAS DA MINHA VIDA

 

Cromo da primeira viagem: Caracoles 2200msnm.


Em 1991, consegui realizar meu sonho, troquei minha Caravan 1980 por uma Toyota Bandeirante longa 1977 em Curitiba. Desde meus 14, 15 anos que eu queria esse carro, mas aos quase 30 anos, nunca tinha dirigido uma, descer a serra de volta pra Floripa foi a primeira aventura. Na época não entendia tanto de mecânica sei que era 4 marchas, mas não recordo perfeitamente qual era a caixa daquela Bandeirante, porque dirigi uma pick-up 1978  ”caixa-seca” na BR 282 descendo a serra recentemente e achei mais difícil. Aquela 1977 que trouxe de Curitiba era mais soltinha, mas também não passava de noventa se não tivesse um vento a favor...


Ruta 8 indo para Mendoza em 1992.

Botei ela a prova realizando outro sonho: cruzar a Argentina até o Chile em1992 cruzando a Cordilheira dos Andes na altura do Aconcágua e chegar ao Pacífico, atravessei os pampas pensando em um dia ter uma Toyota 5 marchas, pois naquelas retas imensas a caixa original da Toyota 1977 é muito limitada.

Muitas estradas depois  acabei me desfazendo da Toyota longa 1977 por causas alheias ao meu amor por este projeto e carro. Vida mudou, me mudei para o Cacupé, acabei tendo outra Caravan agora 1988, bonitona, lanternas novas, aros de Ômega com pneus novos e em 2003 fui passear na Lagoa da Conceição com a namorada e lá havia uma Toyota Verde-folha no posto de gasolina na entrada do bairro, fiz o balão e fui conferir. Falei com o frentista que me informou que era do dono do posto e estava vendendo, ofereci a Caravan e acabou dando negócio: troquei outra Caravan por uma Toyota bandeirante, essa agora curtinha, mas para minha surpresa também 1977.

Primeira banda com a verdinha.

Essa Toya desmontei inteira, reconstruí e pintei de Verde Primavera original da Toyota com o teto e a máscara dos faróis Branco Kilimanjaro também original da Toyota. Mas com a intenção de voltar a Argentina, desta vez para o sul, se possível até Ushuaia, investi também na mecânica no intuito de viajar melhor, e tirar maior proveito do Motor Mercedes original da Bandeirante.

Mas dá medo até montar de novo.
Resumindo além de restaurara a carroceria consegui de uma pick-up 2000 batida a caixa de 5 marchas e todo o conjunto de eixos e cardãs da mesma caixa, comprei e comecei minha pós-graduação em Toyotas bandeirantes na base do paquímetro. A caixa original da Toyota 1977 é metade do tamanho da caixa de 5 marchas da moderna. A caixa original fica praticamente “pendurada” no Bloca do motorzão MB314 e a moderna tem um suporte em baixo em uma travessa no chassi.


Compare as caixas...


A adaptação se resume em: retirar os suportes posteriores do motor Mercedes, trocar a capa-seca original/4marchas por uma 1994 (ano que saiu a Toyota 5 marchas), fazer uma travessa reforçada no chassi para apoiar o suporte da caixa original 2000, além disso foi encurtado o cardã traseiro porque era de uma pick-up e o entre eixo do jipe-curto é bem menor. Troquei jumelos, buchas de nylon e molas também nessa reforma

Para as duas viagens que fiz até a Patagônia em 2005 e 2006 ainda coloquei um Turbo original Toyota e dimensionei um novo sistema de escape 2’1/2  para auxiliar o motor, agora com 5 marchas, e como ela agora andava bem mais do que os 90 Km da caixa original, coloquei uns aros Mangells 16” com uns Pneus mais larguinhos do que os originais e um sistema de freios de caminhão a ar com duas cuícas, uma para cada eixo porque assim a Toyota freia mesmo! (para isso comprei um kit do quinto cilindro e tive que tirar o virabrequim para furar no torno)

Em Antillanca Chile em 2005.


Essa modernização foi completa porque no “pacote” dos eixos vieram freio a disco nas rodas dianteiras e ponta-de-eixo flutuante do modelo Pick-up 2000 , completando as melhorias mecânicas, além disso o  interior foi forrado, e onde substitui os bancos Procar que vieram no jipe por 4 bancos de Fiat Marea, ficou muito mais confortável para viagens longas. (em 2006 dormia no carro, que é forrado com manta asfáltica no assoalho)

A chegada em USHUAIA em fevereiro de 2006, 6 graus negativos...

O melhor de tudo foi que pus a prova o sistema mecânico que adaptei viajando, da segunda vez, 15 mil km de patagônia e tive apenas pneus furados e alguns parafusos frouxos ou que caíram na viagem, vivendo e aprendendo. Dirigi por lá em estradas de asfalto excelente ou concreto, mas também por muito rípio (pedras) durante pouco mais de um mês e o carro foi muito bem em todas as estradas.

2005 cruzando o Uruguai rumo sul: Nosso Norte é o Sul!..

Esse tá preparado para viajar.