|
Este é o Glaciar Perito Moreno, o mais conhecido ventisqueiro da Argentina. |
Eu e a Chi em 2005 atravessamos a Patagonia central, de Puerto Maydrin até Esquel e tivemos um probleminha mecânico, "s
e rompieram dos roscas del burro de arranque"na altura de Paso de los Índios.
(Apesar desta história não estar lá a viagem está: http://toyabrazil.blogspot.com/2010/09/trip-pela-patagonia-central-ate-chiloe.html )
Fomos "salvos" por um médico argentino que voltava com sua família das férias, ele parou sua Blaser e ofereceu providencial ajuda aos hermanos brasileños. Depois ainda nos ajudaram a encontrar uma boa pousada e, no outro dia ainda, o Dr. Rodolfo me ajudou a fazer a Toya pegar e me apresentou o Sr. Mário, um excelente mecânico de Esquel do qual virei freguês.
Na Volta Patagônica, com os dois jipes em 2006, eu e o Gama visitamos a família do Dr. Rodolfo e numa conversa em torno de um chimarrão na varanda do chalé da famíla em Esquel, falamos de patagônia, pioneirismo, vestisqueiros, passos andinos e Perito Moreno... No final o Rodolfo, ao ver o meu interesse pela região, me presenteou com o livro
Viaje a la patagônia austral de Francisco P. Moreno. Nos despedimos deixando umas camisetas da viagem de presente também.
Na volta para casa comecei a ler, mas o stress do trabalho me afastou da leitura, agora em 2011 peguei o livro de novo, me encantei e o li todo de uma vez só.
Fantástica a aventura do Jovem Francisco Moreno em 1875 desbravando os territórios da patagônia e os lagos andinos.
Coloquei algumas informações que já tinha sobre esta figura histórica argentina em dia e descobri muitas afinidades
viajeras com ele. Entendi também porque o Mário havia elogiado o Rodolfo chamando-o de
un gaucho, sem o acento no ú como nossos visinhos Riograndenses.
Francisco P. Moreno era um naturalista interessado em geologia, botânica, zoologia, antropologia e um apaixonado pelo território de seu país.
Seu amor pela natureza, parece ter vindo da influência de uma tia-avó paterna, que viajava, colecionava objetos raros e exóticos e promovia pequenas exposições das coleções que conseguia. O pequeno Francisco parece ter sido influenciado por este modelo pois foi o que fez a vida toda como naturalista, diretor de museu e Perito Argentino nas questôes de fronteiras patagônicas com o Chile.
|
Francisco Pascásio Moreno nasceu em B. Aires em 31 de maio de 1852 e faleceu em 22 de novembro de 1919 na mesma cidade, quando se preparava para retornar ao Lago Nahuel Huapi pensando em terminar por lá os seus dias. |
Aos poucos relembrei da história do nome "Perito Moreno", sendo "perito" o cargo dado pelo governo federal ao homem que ficou para sempre na memória argentina, não há quase nenhuma cidade patagônica que não possua uma rua ou uma praça chamada Perito Moreno. Além disso este nome batiza também uma cidade na Ruta 40, um Parque Nacional na Ruta 37 e o famoso Glaciar Perito Moreno no Parque nacional Los Glaciares em El Calafate. Aliás esta cidade fica na beira do Lago Argentino batizado assim devido ao patriotismo de seu descobridor, que navegou em suas águas em 1875 sem chegar a ver o famoso vestisqueiro que hoje leva seu nome..
Ele também foi o primeiro "homem branco" a chegar ao lago Nahuel Huapi, onde fica San Carlos de Bariloche hoje em dia, e se encantou com sua magnífica paisagem. Seus restos mortais repousam ali, no Parque nacional Nahuel Huapi, numa ilha no meio do lago. Este primeiro parque nacional argentino também foi iniciativa de Francisco P. Moreno que doou grande gleba de terras das margens do lago para o governo criar o parque.
Em 2006 na Volta Patagônica que empreendi com o fotógrafo Renato Gama, chegamos na localidade de San Sebastian que é a fronteira de Argentina e Chile na grande ilha da Terra do fogo indo para Ushuaia.
Passada a aduana quis tomar uma coca-cola, remédio contra um enjôo momentâneo, estacionamos os jipes e entramos num pub/café totalmente inglês naquelas paragens austrais...
Pedida a coca
bien fria, descobri uns interessantes postais do povo patagão extinto.
|
Tiera del Fuego. Representacion del espiritu de Keternen o recien nacido hijo de Xáipen.
Cerremonia del Hain (iniciación de los adolecentes), celebrada por el pueblo Selk'nam ( Onas).
foto M.Gusinde 1923 |
Na época (antes de eu ganhar o livro) já interessado em assuntos patagônicos comprei dois postais.
|
Pinturas rituales para a Cerremonia del Hain (iniciación de los adolecentes), celebrada por el pueblo Selk'nam ( Onas).
foto M.Gusinde 1923 |
Só agora, em fevereiro de 2011, que li (o livro que ganhei em fevereiro de 2006) sobre a aventura da subida do Rio Santa Cruz até os Lagos argentino Viedna e San Martin em fevereiro de 1875, por Francisco P. Moreno. Só hoje é que consigo entender um pouquinho mais esses postais.
O Perito descreve suas viagens em minúcias descrevendo inclusive, com seu olhar antropológico, suas relações entre os patagões fueguinos e de Rio Gallegos,"indios" tehuelches, mapuches, araucanos e mestiços.
Na primeira foto a figura do velho alto com um "quilango" de pele, espécie de manta para abrigar do frio, foi tão bem descrita pelo Perito Moreno no livro que hoje quase posso sentir o cheiro da foto.
He he... Os hábitos higiênicos fueguinos não incluíam o uso de muita água ao que parece. Também num frio daqueles... Que sempre chove, neva e faz sol no mesmo dia.
Na verdade, a mulher chilena que me vendeu a coca-cola e os postais havia me dito que o povo Selk'nam ou Onas tinha morrido de pneumonia na época dos missionários, por terem sido forçados a andarem vestidos de camisa de algodão que nunca secava naquele clima úmido...
Ela me contou isso parecendo uma inglesa falando com acento chileno, aliás San Sebastian, San Gregório, Puerto Natales na Patagônia Chilena podem servir de cenário para filmes ingleses, ovelhas também não faltam nessas "mesetas terciárias austrais" chilenas, e, graças ao Perito, também argentinas.
|
Despedida do Perito Moreno (o glaciar) em 2006 na Volta Patagônica. |
Glaciar Perito Moreno no post: